Parcerias publicitárias das equipas de Dota 2 em 2024–2025: uma nova era de marcas nos eSports

Ao longo do último ano, o cenário competitivo de Dota 2 assistiu a uma transformação significativa na forma como as equipas profissionais colaboram com marcas. Os patrocínios evoluíram de meras inserções visuais para alianças comerciais complexas. Em 2024–2025, as organizações firmam acordos criativos com empresas de tecnologia, apostas, bebidas energéticas e até plataformas Web3. Estas colaborações refletem não só interesses financeiros, mas também uma mudança na forma como se cria conteúdo, se desenvolve a comunidade e se garante a sustentabilidade a longo prazo no ecossistema dos eSports.
Novas marcas em Dota 2: exemplos concretos e expansão comercial
Entre 2024 e 2025, as equipas de Dota 2 registaram uma mudança expressiva nas dinâmicas de patrocínio, com uma vaga de colaborações que ultrapassa o universo tradicional dos videojogos. Um dos exemplos mais notáveis é o da Team Spirit, que prolongou a sua parceria com a Red Bull para incluir eventos presenciais e conteúdos exclusivos. A BetBoom reforçou o seu apoio à Virtus.pro, integrando estatísticas em tempo real e elementos visuais nas transmissões. Já a Team Falcons, do Médio Oriente, uniu-se à ASUS ROG para promover equipamentos de alto desempenho através de torneios regionais e bootcamps presenciais.
Embora as marcas de electrónica e bebidas energéticas se mantenham predominantes, outros sectores começaram a surgir. A Gaimin Gladiators celebrou um acordo multievento com a Monster Energy, incluindo gráficos de transmissão personalizados e tours promocionais. No segmento tecnológico, a OG reativou a parceria com a SteelSeries, com campanhas de giveaways e bastidores do setup dos jogadores. Esta exposição multifacetada beneficia tanto as marcas como as equipas, com impacto direto no público-alvo dos eSports.
Estes acordos vão além de financiamento operacional — permitem cocriação de conteúdo. Um exemplo emblemático é a colaboração entre a Tundra Esports e a bolsa de criptomoedas Bybit, que resultou numa série documental sobre a jornada da equipa na DPC. Em 2025, o patrocínio deixou de ser apenas colocação de logótipo — tornou-se narrativa imersiva de marca.
A transformação do envolvimento das marcas
Hoje, o envolvimento das marcas é interativo. As empresas exigem engajamento mensurável e storytelling real em redes sociais. Campanhas com influenciadores, sorteios e conteúdos documentais são agora elementos essenciais nos contratos, aumentando a exigência sobre a qualidade e a regularidade das publicações.
As equipas de eSports tornaram-se produtoras de conteúdo. As que não conseguem apresentar pacotes completos de media enfrentam dificuldades para manter parcerias premium. Isto levou à valorização de talento criativo digital, onde marketing, media e performance desportiva se cruzam.
O pitch de patrocínio mudou: não basta ter vitórias — é preciso provar impacto comunitário, afinidade com a marca e retorno de investimento em conteúdo. As marcas querem ser relevantes culturalmente, e as equipas devem oferecer canais autênticos para atingir esse objetivo.
Novos formatos de parceria: NFT, Web3 e academias cibernéticas
A inovação tecnológica está a reformular o cenário dos patrocínios. Parcerias com NFT e Web3 estão a ganhar força, oferecendo aos fãs coleccionáveis digitais, tokens exclusivos e experiências gamificadas. A OG, por exemplo, lançou os “OG Collectibles” na Chiliz, com recompensas para os detentores de tokens e participação em votações.
Outro formato emergente é o das academias cibernéticas patrocinadas. A BetBoom, em colaboração com a Virtus.pro, criou uma academia de eSports voltada para os jovens, fornecendo equipamentos, formação técnica e uma via direta para o cenário profissional. Estas iniciativas combinam desenvolvimento de base com fidelização e posicionamento educativo da marca.
Além disso, aplicações de fidelização estão a ganhar espaço. A Team Liquid lançou uma app com apoio da Coinbase, oferecendo recompensas por assistir aos jogos e interações online. A mistura entre gamificação e monetização Web3 mostra como os clubes expandem os horizontes do envolvimento com fãs.
Valor estratégico destes formatos emergentes
Estes modelos de parceria servem duplamente: diversificam as fontes de receita e proporcionam envolvimento mais profundo com os adeptos. Os NFTs, por exemplo, permitem receitas contínuas via royalties de revenda. Para os fãs, são formas de identidade comunitária e acesso exclusivo, reforçando a lealdade.
As academias cibernéticas têm uma importância estrutural. Marcas que investem na formação colhem retorno em visibilidade e reputação. Estas iniciativas alinham-se também com objetivos de responsabilidade social corporativa, tornando-se atractivas para marcas menos ligadas ao mercado de apostas ou cripto.
Estes formatos mostram que os eSports já não dependem apenas de investimentos rápidos. Parcerias estratégicas orientadas para comunidades estão a moldar o futuro comercial do Dota 2.

Rentabilidade e impacto económico para as equipas
O patrocínio continua a ser a principal fonte de receita não relacionada com prémios para as organizações de Dota 2. Em 2024, uma equipa de Tier 1 podia gerar entre 1,5M e 4M USD anuais em contratos comerciais, dependendo do desempenho competitivo e da produção de conteúdo. Muitas vezes, esses valores ultrapassam os prémios de torneios.
Equipas como Gaimin Gladiators e BetBoom capitalizaram os seus sucessos recentes para assegurar múltiplos patrocínios. Merchandising, ativações em eventos e monetização de conteúdos digitais — muitas vezes apoiadas por patrocinadores — garantem cobertura dos custos operacionais.
Mesmo equipas intermédias beneficiam da entrada de mais marcas no ecossistema. Isto permite negociar melhores condições e diversificar. A Entity, por exemplo, tem um patrocinador tecnológico (ViewSonic) e outro no sector das telecomunicações (MTN), reduzindo riscos e alargando a exposição.
Transparência e retorno para os patrocinadores
As marcas exigem hoje métricas claras: impressões nas redes, sentimento da audiência, cliques e alcance. As equipas que não fornecem relatórios detalhados arriscam perder a renovação dos contratos. Por isso, ferramentas de CRM e analytics tornaram-se padrão na gestão de parcerias.
Algumas organizações utilizam plataformas como Shikenso Analytics ou Stream Hatchet para medir a exposição das marcas durante os jogos. Estes dados servem tanto para patrocinadores como para as próprias equipas, orientando propostas futuras com base em benchmarks.
Num ambiente cada vez mais orientado por dados, o retorno do investimento (ROI) é central. Cada euro gasto por uma marca precisa de ser justificado. Assim, o profissionalismo e a responsabilidade nas ativações tornaram-se norma — sinal claro da maturidade comercial do setor em 2025.